Internautas aprovam quebra de sigilo de álbuns supeitos no Orkut. (O Globo, em 11/4/2008)
RIO - A maioria dos leitores que participaram de uma enquete do GLOBO ONLINE concorda com a quebra de sigilo de álbuns privados hospedados no Orkut, aprovada esta semana pela CPI da Pedofilia. Entre aqueles que aprovam a decisão, grande parte afirma que ela é legítima apenas em casos em que exista suspeita de crimes e atitudes ilícitas. Mas há também leitores que defendem o fim do bloqueio dos álbuns em todos os casos, afinal, 'quem não deve, não teme'. Para os internautas que discordam da medida, o direito à privacidade é o principal argumento. (Leia os comentários dos leitores)
A discussão entrou em cena na última quarta-feira, quando a CPI da Pedofilia aprovou o requerimento que possibilita a investigação de 3.261 páginas do site de relacionamento do Google suspeitas de conterem imagens relativas à pedofilia e à pornografia infantil. O psicólogo Eric Itakura, pesquisador do Núcleo de Psicologia e Informática da PUC-SP, acredita que as pessoas aprovam a medida por confiarem na investigação e no órgão que vai fiscalizar as imagens. Takura ressalta a diferença entre quebra de sigilo e invasão de privacidade:
- Uma coisa é você tentar preservar a sua privacidade. Agora, quando se fala em pedofilia, as pessoas pensam em uma questão moral. Elas são favoráveis porque se trata de um crime. Uma coisa é você colocar a foto das suas férias e uma pessoa qualquer acessar. Outra é a investigação por um agente federal, com ordem judicial, isso não é bisbilhotar. As pessoas têm essa consciência, por isso aprovam a quebra de sigilo.
A psicóloga Sueli Damergian, da Universidade de São Paulo (USP), que é contra o sigilo nos álbuns do Orkut, considera positiva a opinião dos leitores.
- Do meu ponto de vista, isso é positivo. Mostra que as pessoas começam a levar menos em conta seus interesses pessoais quando o assunto é segurança. Elas devem começar a se conscientizar que essa falsa privacidade está permitindo que crimes graves sejam cometidos - diz a psicóloga.
Apesar de considerar a internet uma ferramenta que beneficia a todos, o leitor Renato Pesca ressalta a facilidade que a rede propicia para prática de crimes. Por isso, ele concorda com a quebra de sigilo.
- Concordo plenamente. Não é preciso ser perito em área judicial para enxergar quão grave é a pedofilia. Essas redes malditas agem mundo afora e precisam ser desbaratas, seus membros devem ser punidos com o rigor máximo da lei. Infelizmente, é preciso às vezes abrir mão da privacidade em prol de uma sociedade baseada na ordem e no cumprimento de leis - afirma o leitor.
A internauta Anna Affonso segue o mesmo raciocínio, e aponta diversos tipos de crimes cometidos na internet.
- Muitos usam a internet para abusar dos outros, estimular comportamentos criminosos e nocivos (bebida, drogas etc), racismo, pornografia, e nossos adolescentes e crianças viram presas fáceis para os mal intencionados. Tem que dar em cima mesmo, cercar por todos os lados, usando todas as técnicas e recursos possíveis - afirma Anna.
Já na opinião de Ariel Galvão, a quebra de sigilo só deve ser realizada quando houver indícios que justifiquem a investigação:
- Desde que existam indícios que permitam ao promotor fazer a solicitação de quebra de sigilo a um juiz e este, dentro da lei, julgar o pedido, e aprová-lo. Aí sim, sou a favor.
Leitores que discordam da medida defendem a privacidade na rede
Apesar de ser minoria, parte dos leitores que responderam à enquete defende o sigilo dos álbuns do Orkut. Para Rodrigo Fonseca, em vez de ajudar, a medida pode atrapalhar as investigações.
- Não concordo com esta quebra de sigilo, já que este é um recurso que oferece mais segurança aos usuários. Ao utilizarem o bloqueio, eles correm menos riscos de terem suas fotos roubadas e utilizadas por outras pessoas, com finalidades opostas à proposta do site.
Alexandre de Souza também acredita que a decisão pode ter efeito contrário, e provocar maior insegurança na rede.
- Acho que o Orkut pode ser uma fonte muito boa de investigação para descobrir criminosos. No momento em que se deixa de garantir o anonimato, estas pessoas provavelmente migrarão para outros serviços e se tornarão cada vez mais inacessíveis. Acho que medidas assim funcionam como facas de dois gumes - afirma o leitor
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