Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

Trauma por violência afeta 6% em SP (Folha)

RAFAEL GARCIA (DA REPORTAGEM LOCAL) - "No período de um ano, de 6% a 10% da população da cidade de São Paulo sofre de um problema de saúde mental relacionado a algum episódio de violência." Com essa frase, o psiquiatra Jair Mari, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) resume o impacto que episódios como roubos e agressões têm sobre o comportamento dos paulistanos.

Trauma Os números saíram de um levantamento epidemiológico com 2.500 pessoas na capital paulista, articulado pelo pesquisador e realizado pelo Ibope. Mari é especialista em TEPT -transtorno do estresse pós-traumático-, expressão criada por psiquiatras americanos para caracterizar uma síndrome comum em veteranos de guerra e habitantes de zonas de conflito militar. Esse problema afeta os 6% dos paulistanos aos quais Mari se refere.

Cerca de um quinto dos indivíduos que passam por episódios como estupro ou seqüestro-relâmpago desenvolvem o TEPT, diz Mari. "A pessoa passa a ter "flashbacks" da situação e a mente é invadida por pensamentos ou imagens do que aconteceu", descreve. "É como se houvesse uma desregulação da atividade mental da pessoa. Obsessivamente, ela passa a reviver aquelas imagens, como se fossem reais de novo, reagindo emocionalmente."

Os resultados preliminares da pesquisa, que foram apresentados em um seminário na Unifesp no sábado passado, serão somados também a um levantamento que o Ibope está fazendo no Rio de Janeiro, com mais 1.500 pessoas. Aqueles que relatam já ter passado por um episódio crítico de violência são convidados pelos pesquisadores a passar por mais uma bateria de exames.

A intenção, diz Mari, é ir além do levantamento epidemiológico. Com um projeto aprovado no programa Institutos do Milênio, do CNPq, Mari conseguiu reunir um pequeno exército de cientistas para aprofundar a análise do TEPT na realidade brasileira.

"Nós dividimos as áreas estudadas em vários estratos, de acordo com a taxa de homicídios em cada um deles, porque queremos também fazer um estudo "ecológico". Queremos relacionar a situação dos indivíduos com dados sociais."

À medida que o levantamento vem sendo feito, os entrevistadores do Ibope coletam também amostras de saliva, de onde serão extraídos dados de DNA. Na etapa final do projeto, pesquisadores farão um mapeamento para tentar descobrir quias genes podem influenciar a suscetibilidade ao estresse pós-traumático.

"O transtorno tem origem em muitos fatores, e cerca de 30% deles são genéticos", diz Camila Guindalini, geneticista que coordenará os testes na Unifesp. Segundo ela, será possível fazer análise genética em mais de 2.500 dos entrevistados, o que significaria o maior estudo já realizado sobre esse mal. "Não tenho conhecimento de nenhuma amostra tão grande e tão rica em detalhes", diz.

Comparando os genes das vítimas de estresse pós-traumático com o de pessoas que passaram por situações de violência mas não desenvolveram o trauma, o estudo pode ajudar orientar a pesquisa de novos medicamentos. Hoje, o tratamento receitado por psiquiatras é a terapia comportamental, mas mas com freqüência se usam antidepressivos. O método tem eficácia razoável, mas ainda não há drogas psiquiátricas com efeito mais específico sobre os sintomas do TEPT.

Além do DNA, os cientistas estão olhando para a fisiologia cerebral das pessoas que desenvolvem o transtorno. O grupo espera confirmar a tese de que o transtorno está ligado a uma redução no hipocampo, uma estrutura cerebral relacionada à memória. "Verificamos uma redução pequena, de cerca de 5% a 10%", diz Andréa Jackoswki, que coordena essa parte do estudo. Ainda não é possível, porém, saber se isso está envolvido na causa do transtorno ou se é sua conseqüência.

 

"Comecei a ter visões daquilo que aconteceu", diz paciente

DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu era vigilante bancário e passei por alguns assaltos. No último deles, eu fui amarrado, me bateram muito e trocaram tiros. Depois disso tudo fui transferido para trabalho interno, sem arma", conta F.E., 33, uma das pessoas ouvidas pela Folha que foram diagnosticadas com estresse pós-traumático. "Depois disso, comecei a ter visões daquilo que tinha acontecido, olhava para trás como se aquelas pessoas estivessem me perseguindo. Isso trouxe muito transtorno. Já faz quatro anos e eu ainda fico meio perturbado e com um pouco de medo."

Depois de tratamento com terapia e medicação, o ex-vigilante diz que já conseguiu superar a maior parte dos sintomas que o trauma havia deixado. Sem emprego, porém, -a empresa de segurança terceirizada em que trabalhava faliu- F.E. ainda não conseguiu voltar a trabalhar na área em que tinha experiência. "Estou me readaptando, ainda."


Segundo os psiquiatras da Unifesp, porém, muitos casos da síndrome não estão relacionados a agressão direta. Muitas vezes, as ameaças -às vezes não voltadas à pessoa que sofreu o trauma, mas a seus familiares- são suficientes para desencadear o transtorno.


É o que aconteceu com a economista C.T. 39, que teve sua casa roubada por assaltantes em um episódio tenso, com ameaças a seus filhos.

"Eu fiquei muito traumatizada, e a coisa foi crescendo. Oito meses depois do episódio, eu tive uma crise de labirintite, que eu não sabia como era, e achei que estava morrendo", conta. "Eu cheguei ao ponto de, num dia em que eu estava nos EUA, numa cidadezinha pacata, com meu marido, ficar morrendo de medo de ser assaltada."

C.T. afirma que essa ocasião despertou a consciência racional de que algo errado estava acontecendo. Há sete meses, ela se submete a sessões de terapia -com medicamentos- e diz ter melhorado. (RG)

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