Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

A pós-modernidade não trouxe a esbórnia sexual

 

Os dados revelados pelos Indicadores Sociais 2007, do IBGE, "indicam uma mudança no comportamento já detectado por outros indicadores - de menor convicção, para alguns, que os números ora estampados. Eles refletem ao menos três fatores: a melhoria da renda da população, também largamente comentada nesta semana, por outros índices; a persistência da importância do vínculo da vida a dois, legitimado ou não; e o retardo da idade de ter filho, se comparado com os hábitos de 20, 30 anos atrás", analisa Jorge Forbes, psicanalista e psiquiatra, presidente do Instituto da Psicanálise Lacaniana-IPLA e diretor da Clínica de Psicanálise do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, em artigo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-09-2008.

Eis o artigo.

Os Indicadores Sociais 2007, do IBGE, agora anunciados, mostram que há no País quase 2 milhões de casais com duplo rendimento e nenhum filho. É um fenômeno dos países desenvolvidos: casais nos quais os dois cônjuges têm fontes de renda independentes, mas não têm filhos. O número é de 1,942 milhão. Esses casais têm rendimento per capita de até 3,5 mínimos (por isso, estão nos 10% mais ricos do Brasil) e, em quase 60% dos casos, têm até 34 anos. Em dez anos, o número praticamente dobrou, pois era de 997 mil, ou seja, ocorreu um crescimento de 94,78%!

Surpresa? Não, esperado. Esses dados indicam uma mudança no comportamento já detectado por outros indicadores - de menor convicção, para alguns, que os números ora estampados. Eles refletem ao menos três fatores: a melhoria da renda da população, também largamente comentada nesta semana, por outros índices; a persistência da importância do vínculo da vida a dois, legitimado ou não; e o retardo da idade de ter filho, se comparado com os hábitos de 20, 30 anos atrás.

Analisemos a vida a dois e o filho supostamente tardio.

Pensava-se - o que se mostrou errado - que a pós-modernidade, a globalização, traria uma verdadeira esbórnia sexual, derivada do fato da despadronização dos princípios morais. Qual o quê. Os índices de promiscuidade sexual, em vez de aumentarem, baixaram - também no Brasil. Provou-se que não é a disciplina, ou o controle externo, que está na base do comportamento amoroso.

Além disso, as pessoas preferem a vida a dois, mesmo quando poderiam ter uma vida múltipla, e isso não se dá hoje por nenhuma coerção de costumes civis ou religiosos. A vida em casal oferece para o homem e a mulher da globalização o confronto necessário e diário com o mesmo; não o mesmo da mesmice, do tudo igual, mas o mesmo de um lugar simultaneamente conhecido e estranho, que é a intimidade. No desbussolamento dessa época, uma nova orientação é dada por essa intimidade singular de cada um, que só uma vida conhecida oferece. Paradoxalmente é aí, no conhecido, que fica evidenciado o ponto de estranheza que nos inquieta e move a vida.

Quanto aos filhos, é bom notar que a maioria desses casais está na faixa de até 34 anos. Seria precipitado pensar que não querem mais ter filhos. Seria se fossem guiados pelos critérios de um tempo anterior, que nomeava tecnicamente uma moça de mais de 30 anos de “primigesta idosa”. Antes, era esperado que os filhos nascessem, ao menos o primeiro, antes dos 30 anos, especialmente, dela.

Hoje é diferente. Como no avião, onde se aconselha, em casos de despressurização, que primeiro os adultos ponham suas máscaras e só depois ajudem as crianças a colocarem as delas, também os casais de agora, primeiro tomam ar cuidando de suas vidas profissionais e de construírem suas casas, para depois terem um, dois, quando muito, três filhos.

É claro que contam para isso, não só com as mudanças do tempo, como também com os avanços da medicina que pluralizaram as formas de concepção e de se manterem os pais jovens.

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