Excesso de pesca ameaça 80% das espécies mais exploradas do Brasil
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O mar no Brasil não está para peixe. Cerca de 80% das espécies economicamente exploradas no país estão ameaçadas pela sobrepesca, ou seja, estão sendo pescadas além da sua capacidade de regeneração.
O alerta faz parte do relatório “À deriva — um panorama dos mares brasileiros”.
A reportagem é de Carlos Albuquerque e publicada pelo jornal O Globo, 08-10-2008.
Elaborado pelo Greenpeace, com a ajuda de 40 especialistas, o documento lista outros problemas relacionados ao bioma marinho, como a escassez de áreas de conservação (apenas 0,4% de toda a costa brasileira encontra-se protegida), e cobra das autoridades uma política nacional para os oceanos.
— É extremamente importante termos uma política nacional para os oceanos para, entre outras coisas, gerar recursos para a conservação — afirma Ilana Wainer, professora do Instituto Oceanográfico da USP, que participou do relatório.
— Mas não adianta nada termos isso, sem haver um trabalho de disseminação da informação. Do contrário, o cidadão comum vai continuar jogando lixo nas praias e vai tudo continuar como está.
Além de uma política nacional para os oceanos, o estudo destaca outras áreas prioritárias para a proteção dos mares brasileiros: combate à pesca predatória, mais estudos sobre o impacto das mudanças climáticas nos oceanos (já que a elevação do nível do mar vai, inevitavelmente, afetar as cidades costeiras) e implementação de áreas marinhas protegidas (APMs).
— São quatro áreas consideradas de emergência — diz Leandra Gonçalves, doGreenpeace, que coordenou o estudo.
— Mas uma política nacional para os oceanos só vai funcionar se for elaborada com a participação de todos aqueles que lidam com o mar, vivem perto dele, como é o caso de 25% da população brasileira, ou dependem dele para sua sobrevivência. E a sociedade tem que ser informada para poder participar também.
Ambientes terrestres recebem mais atenção O oceanógrafo Gilberto Sales, que também colaborou com o relatório, ressalta que quando se fala em conservação no país, todas as atenções naturalmente se voltam para os ambientes terrestres, como a Floresta Amazônica e sua fauna e flora, mas pouco atenção é dada aos mares.
— Há uma grande dificuldade de mobilização da sociedade em relação aos oceanos. Afinal, as pessoas não sentem a necessidade de proteger o que não conhecem — diz ele, que trabalha no Projeto Tamar, do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
— Elas vêem as imagens da devastação da Amazônia e se revoltam.
Mas quando olham para o oceano, só vêem aquele mar azul, se estendendo pelo horizonte, onde parece estar tudo bem. Essa dificuldade de enxergar os problemas faz com que o ambiente marinho seja a última fronteira da mobilização da sociedade em termos de preservação.
Salles cita o caso dos emissários submarinos, classificandoos como “gritantes” exemplos de descaso com os oceanos.
— Por toda a parte, festejase a construção de um emissário, como no caso do emissário submarino da Barra da Tijuca. Você pega o esgoto e o arremessa para longe da visão humana, a dois quilômetros de distância da costa. Só que as correntes e a circulação do mar vão devolver aquilo, de uma forma ou de outra.
> Produção de alimentos x produção de energia: o desafio do século XXI. (maio de 2008)
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Comentários
Complicado, Paulo.
ResponderExcluirO governo com essa história de Ministério da Pesca e de dizer que o Brasil pesca muito pouco e pode produzir muito mais, periga extinguir de vez inúmeras espécies.
Abraços