Enem do servidor federal vai oferecer em 2024 mais de 7 mil vagas

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A partir de 2024 haverá uma prova nacional unificando o processo de seleção de servidores federais, um Enem dos Concursos”, como o objetivo de facilitar o acesso da população às provas, inclusive em cidades do interior. A primeira prova será realizada no dia 24 de fevereiro.  A estimativa de vagas é de mais 7 mil no primeiro ano do concurso, Provas serão simultaneamente em 179 cidades das 5 regiões Cada ministério poderá decidir se vai aderir a esse modelo ou fazer os concursos por conta própria. O exame acontecerá ao mesmo tempo em 179 municípios, sendo 39 na Região Norte, 50 no Nordeste, 18 no Centro-Oeste, 49 no Sudeste e 23 no Sul. Haverá duas provas no mesmo dia. Uma com questões objetivas, comum a todos, e outra com perguntas específicas e dissertativas, divididas por blocos temáticos. Os candidatos para Trabalho e Previdência farão a mesma segunda prova, por exemplo; já os candidatos para Administração e Finanças Públicas, outra. As vagas abrangem os seguintes setores: Administr

O capitalismo virou cassino, diz Prêmio Nobel

O prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus disse que a ganância destruiu o sistema financeiro mundial. Spiegel Online conversou com ele sobre a causa do lucro, a consciência social e o que deveria ser feito para acabar com a crise financeira.

A entrevista foi realizada por Hasnain Kazim, da Spiegel Online, 10-10-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Muhammad Yunus nasceu em Chittagong, Bangladesh, em 1940. É o terceiro de 14 filhos na abastada família de um joalheiro. Estudou economia em Bangladesh e nosEstados Unidos. Fundou o Grameen Bank, em 1983, para prover microcréditos aos pobres, para que pudessem começar seus próprios pequenos negócios. Em 2006, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em reconhecimento às conquistas de seu banco.

Senhor Yunus, durante anos o senhor pregou uma forma mais consciente e social de fazer negócios e denunciou o foco restrito sobre a maximização de lucros como prejudicial. Agora, o sistema financeiro como um todo está trepidando...

A seqüência de eventos atual me deixa triste. Não é certamente algo pelo qual eu esteja feliz. O colapso feriu muitas pessoas e, de repente, tornou o mundo todo instável. Devemos agora nos concentrar em garantir que uma crise financeira como essa não aconteça de novo.

O que deveria ser feito?

Há imensos buracos no sistema financeiro atual que precisam ser tapados. O mercado, claramente, não é hábil para resolver esses problemas por si só, e agora as pessoas estão precisando correr aos governos para pedir assistência de emergência. Isso não é um bom sinal, porque mostra que a confiança nos mercados evaporou. Neste momento, não há, infelizmente, outra opção a não ser os governos assumirem o poder e oferecerem suporte. Esse é, atualmente, o método que vem sendo usado para combater a crise – um método deslanchado com o plano de resgate de 700 bilhões de dólares aprovado nosEUA. Na Alemanha, o governo também entrou nessa briga.

Onde exatamente o senhor vê o problema com essa estratégia?

A questão é que temos que voltar, o mais rápido possível, aos mecanismos de mercado que possam melhorar a crise e resolver os problemas. As soluções devem vir do mercado e não dos governos.

Mas o senhor acabou de dizer que o mercado não é capaz de fazer isso.

É exatamente nisso que devemos trabalhar. Por um longo tempo, as principais prioridades foram a maximização dos lucros e o crescimento rápido – mas esse foco conduziu à situação atual. A cada dia, temos que ver se há um potencial crescimento prejudicial em algum lugar. Se vemos que há, então temos que reagir imediatamente. Se algo cresce extraordinariamente rápido, temos que pará-lo. Por que as companhias não pagam, todas, não investem fundos que possam comprar os seguros que se tornaram muito arriscados? Eu posso até imaginar um modelo de negócio para um programa como esse.

De um lado, o senhor diz que o mercado tem que resolver o problema por si mesmo, por outro, no entanto, critica muito o crescimento rápido. Parece que o senhor pensa que o capitalismo orientado ao lucro faliu.

Absolutamente. O capitalismo, com todos os seus mecanismos de mercado, tem que sobreviver – não há nem como questionar isso. O que eu denunciei é que hoje só há um incentivo para se fazer negócios, que é a maximização dos lucros. Mas o incentivo para se fazer o bem social deve ser incluído. Deve-se ter muito mais companhias cujo objetivo principal não seja ganhar os mais altos lucros possíveis, mas sim providenciar os maiores benefícios possíveis para a humanidade.

E o senhor acha que esses dois incentivos são mutuamente exclusivos? O banco que o senhor fundou, Grameen Bank – o que o levou a receber o Prêmio Nobel da Paz em 2006 – tanto ajuda as pessoas quanto ganha lucros sadios.

É uma companhia que está focada no bem social e que tem lucro, mas não está focada na maximização de seus lucros. Eu não estou interessado em converter todas as companhias orientadas ao lucro em operações socialmente conscientes. São duas categorias diferentes de companhias – sempre haverá negócios cujo primeiro objetivo é ganhar tanto dinheiro quanto possível. Isso está bem. Mas ganhar tanto dinheiro quanto possível só pode ser um meio para um fim, não um fim em si mesmo. Deve-se investir dinheiro em algo significativo – e eu me interessaria para que isso seja algo que melhore a qualidade de vida de todas as pessoas.

O que, entretanto, um aumento no número de companhias socialmente preocupadas tem a ver com a crise financeira?

Onde haja mais companhias socialmente preocupadas, as pessoas terão mais oportunidades para dar forma às suas vidas. Os mercados seriam mais equilibrados do que são hoje.

O senhor está falando em salvar o mundo com altruísmo...

Há muitos filantropos neste mundo, pessoas que ajudam os outros oferecendo-lhes casas, educação etc. Mas essa é uma via de mão única. O dinheiro é gasto e nunca retorna. Se alguém investisse esse dinheiro em uma empresa socialmente preocupada, ele ficaria na economia e seria muito mais efetivo, porque seria usado de acordo com os critérios do mercado e, assim, desenvolveria uma certa quantidade de fermento mercantil.

Quem você acha que é o culpado pelo atual colapso financeiro?

O próprio mercado, com sua falta de regulação adequada. O capitalismo de hoje degenerou em um cassino. Os mercados financeiros são impulsionados pela ganância. A especulação alcançou proporções catastróficas. Essas são todas coisas que têm que terminar.

A crise financeira atual começou com uma crise do crédito – donos de imóveis nos EUA não podiam mais pagar suas hipotecas. No Grameen Bank, que fornece microempréstimos, a taxa de reembolso é de quase 100%. O senhor acha que o seu banco poderia ser um modelo para todo o mundo financeiro?

A diferença fundamental é que o nosso negócio é muito conectado com a economia real. Quando damos um empréstimo de 200 dólares, esse dinheiro será destinado a comprar uma vaca em algum lugar. Se emprestamos 100 dólares, alguém irá, talvez, comprar algumas galinhas. Em outras palavras, o dinheiro é direcionado para algo com um valor concreto. A economia financeira e a real têm que estar conectadas. Nos EUA, o sistema financeiro separou-se completamente da economia real. Castelos foram construídos no céu, e, de repente, as pessoas se deram conta de que esses castelos não existem. Esse foi o ponto em que o sistema financeiro sofreu o colapso.

É o momento de os governos intervirem na economia de mercado e fortalecerem a regulação?

Deve haver regulação, mas não se deve permitir que os governos conduzam o mercado. Por outro lado, deve ficar claro que a “mão invisível” de Adam Smith, que supostamente resolve todos os problemas do mercado, não existe. Essa “mão invisível” desapareceu completamente nos últimos dias. O que estamos experimentando é uma dramática falência dos mercados.

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