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Corriere della Sera, em 16 de julho de 2010
Maria Jepsen (foto) subestimou as denúncias de pedofilia em 1999. Mentiu sobre o conhecimento dos abusos: "Não sou mais confiável. Não posso mais anunciar a boa nova".
Ela tinha escrito uma página da história, em 1992, quando havia sido a primeira mulher do mundo a ser eleita bispa da Igreja Luterana. Nesta quinta-feira, Maria Jepsen, 65 anos, escreveu uma nova página, mais modesta e triste: é a primeira pessoa do episcopado protestante alemão a renunciar por ter encoberto e subestimado um caso de violência sexual ocorrido na sua diocese.
"A minha credibilidade foi colocada em discussão", disse Jepsen, bispa de Hamburgo. "Consequentemente, não me vejo na condição de anunciar a boa nova, como havia prometido diante de Deus".
É a confirmação de que a longa série de violência e abusos sexuais denunciados naAlemanha nos últimos meses não se referem apenas à Igreja Católica – que viu a renúncia do bispo de Augsburg, Walter Mixa –, mas também a outras partes do sistema que cuida dos jovens, incluindo protestantes e institutos educacionais não confessionais.
O caso que levou à renúncia de Frau Jepsen se refere a uma série de violências sexuais cometidas nos anos 70 e 80 por um pastor de Ahrensburg, no norte da Alemanha,Dieter K. Segundo algumas testemunhas, K. teria abusado de uma série de meninos e meninas, talvez também de três de seus afilhados: faziam parte de um grupo de jovens que o seguia.
Nas últimas semanas, Jepsen havia defendido que havia tomado conhecimento das acusações só em março e que havia, consequentemente, ordenado uma investigação. Na realidade, com base em uma investigação da revista Der Spiegel, ficou-se sabendo depois que o caso já havia sido apresentado a ela em 1999, e a bispa de Hamburgo o havia subestimado e tratou-o de modo indeciso e lento. Renunciou, portanto, por não ter agido quando e como devia, assim como por ter mentido.
Para a Igreja Evangélica alemã e para as mulheres comprometidas nela, é um golpe duro, que ocorre depois da renúncia, há alguns meses, de Margot Kässmann, embora por razões totalmente diferentes. Eleita há pouco tempo como presidente das Igrejas Evangélicas alemãs, primeira mulher nesse cargo, Frau Kässmann foi pega no volante de um carro em estado de embriaguez, depois de ter passado pelo sinal vermelho. Menos grave do que acobertar um abuso sexual. Mas ela também se sentiu no dever de renunciar. (Tradução de Moisés Sbardelotto para o IHU On-Line)
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